sexta-feira, 19 de março de 2010

Memórias! Memórias!


Memória, memória! Que me dói, que me cura!
De romances, amores; de milícias, aventuras!
Memória distante de alegrias; recente de injurias!
Memória, memória! Que me dói, dói e cura!

Memória, memória!Devassa, infame, pura!
De maldades, rancores; de benevolências ternuras!
Memória infame de urgias; virtuosa de branduras!
Memória que dói: amor! Memória que cura: sepultura!

Memória, memória!
...Me dói! ...Me cura!
De romances... De milícias...
De maldades...De ternuras!

 
David do N. Luz
( ? )




Impôs o que sou, e ainda não eras ninguém muito precisamente.

Achou-me de intrometido e feito bandido que és - hoje doente -

Fizeste a ti dono meu quando nem mesmo teu o eras.

Quem o permitiu, cogito ainda hoje envolto nos trapos que MIM deixou.

MIM pôs tuas mãos acendedoras de velas - pra santos e defuntos -

Pensando MIM ser A Virgem deliciosa a espera do homem imundo.

E ao descobrir que meu prazer a outros já havia dado, te fizeste ainda o primeiro;

Contaste aos amigos, inimigos e todos me quiseram tomar-te,

Para assim como tu, MIM roubarem os tesouros que MIM foram dados quando ainda nu.

Impôs o que sou. E que coisa na verdade sou?

De Alencar, José MIM fez mulher - Iracema - de herói imundo que aqui pousou;

Macunaíma, sim!Andrade, disse o que sou!

Um pouco de cada, o mesmo que nada, conseqüência que restou.

 
 David do N. Luz
Que Me não deu...

O prazer, que me não deu, busco ainda hoje ser meu.
Ledo engano! Creio tanto! Utopia minha.
A pobreza que me deixa, cujo EGO MEO, mata:
Buscando ainda hoje, em trapos, o amor que me não deu.

Se o tivera não seria, ainda hoje, ardentemente meu.
Oxalá! Encontre-se o buscado: lhe ver amada! Sozinha!
Ver-lhe herdar o legado de mulher debalde amada
Que jamais amou: inda hoje, o amor seu, me não deu.

Me não deu! Ainda hoje busco (se é prazer) o amor seu.
Faz-me falta o amor! Não o quero Eu! O peito o aguarda.
O prazer, que me não deu, faz a pobreza que me deixa.

Não sou, Eu, o pobre que me fez! Busco ainda! Desejo seu.
Creio tanto! Que me não deu o amor que quis. Mata! Mata!
O desejo, que aflora: me não deu (se é prazer) o amor seu.

 
David do N. Luz
Farás um acerto


Farás um acerto no tempo:
Das horas tristes que tive
Aos dias pardos que viste,
Dar-me-ás contentamento.

Farás um acerto na vida:
Da aurora curta que deste
Aos nublados dias qual peste,
Dar-me-ás amor que viva.

Farás ainda outro acerto:
Das muitas gotas que viste
Dos poucos valores que tive,
Conceder-me-ás desprezo.


David do N. Luz
O tempo que te encanta, vive-o no momento!
De modo que te faz feliz, ama ainda que sem nome.
Do comum, desfruta copioso contentamento.
Em tempo sinto dizer-te o ser apenas homem.

Pois do tempo que busco estás saciada, amiga minha!
De modo tal te quero que  me tens - ó foco eficaz!
No tempo me quebras de satisfação, a praxe de rapaz!
Eis o presente modal absoluto: Amo ó amiga minha!


Tenho febre de amor, me não cures ainda!
Deixo-me infinitivo: arder, tremer, suar, amar.
È tempo de dor, não de cura. Futuro é virtual!


David do N. Luz