Iguais seríamos se:
uma fosse a parideira
Cuja casa arquitetada
possuísse eira e beira
Sem padecer de colchão,
fogão ou geladeira;
Se às leituras de Homero
ninguém guardasse estranhamento
Que promove uma nobreza
e impede casamentos
Sem padecer de amor,
paixão ou sofrimento.
Igual seríamos se:
Jesus convertesse Maomé
E ensinasse o Corão
aos negros do candomblé
Depois de ouvir de um ateu:
Não desista tenha fé!
Se Comte contasse um conto
sem nada querer provar
Que provasse por experimento
que há coisas pra se explicar
Sem lançar mão das ciências,
buscado o positivar.
Igual seriamos:
Se “O negro também é dom!”
“Ser branco também é bom!”
Não cantássemos amotinados
No hino de toda nação;
Se o ser gente não houvesse tom.
Seriamos iguais,
Não fosse a falsa meritocracia,
A deturpação da democracia
A não compreensão do habitus
Que ao nos criar também nos guia
Obcecados a essa dicotomia.
Rio, 04/06/2011.
David Luz
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