quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Iguais seríamos

Iguais seríamos se:


uma fosse a parideira

Cuja casa arquitetada

possuísse eira e beira

Sem padecer de colchão,

fogão ou geladeira;



Se às leituras de Homero

ninguém guardasse estranhamento

Que promove uma nobreza

e impede casamentos

Sem padecer de amor,

paixão ou sofrimento.



Igual seríamos se:

Jesus convertesse Maomé

E ensinasse o Corão

aos negros do candomblé

Depois de ouvir de um ateu:

Não desista tenha fé!



Se Comte contasse um conto

sem nada querer provar

Que provasse por experimento

que há coisas pra se explicar

Sem lançar mão das ciências,

buscado o positivar.



Igual seriamos:

Se “O negro também é dom!”

“Ser branco também é bom!”

Não cantássemos amotinados

No hino de toda nação;

Se o ser gente não houvesse tom.



Seriamos iguais,

Não fosse a falsa meritocracia,

A deturpação da democracia

A não compreensão do habitus

Que ao nos criar também nos guia

Obcecados a essa dicotomia.



Rio, 04/06/2011.

David Luz

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