segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Communis error.

Embora, a um passo da vida, goze a morte;


É isto inextinguível eternidade.

Luzes baixas: sombras, ansiedade,

Mulher negra, tal qual aprouve à sorte,

Envolta em pano branco de equidade

Finge o prazer, sangra-lhe o corte.



Altas trevas, tudo é desejo.

Apenas eu não sou tudo.

Ao canto, desprezível e mudo,

Largo-me culpado do que vejo:

Algoz, insaciável e imundo

Provoca-lhe a ferida sem dar beijo.



O algoz tem muitas cabeças e membros,

Cada qual, no entanto, lhe concede pagamento.

Eis o veneno!Se pagas, tem aumento

o teu prazer, ó cavaleiro, posto que logo é novembro.

Sem pudor ou consciência várias vezes eu aguento

E – desde que decidi – não passo fome em dezembro.



Ao canto desprezível dos mudos,

Apenas prorrompo desconcertado:

Ó corpo negro, desalmado,

Resta-lhe de vida segundos.

A sacris, tens desdenhado,

Não mais sofrerás todo mundo.



David Luz

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